sexta-feira, 5 de junho de 2009

Entrevista - Teu pai já sabe ? ( Demo disponível para download no próprio blog )



1 - VE-NE ( Velha escola - Nova escola ) - A banda Teu pai já sabe ? É formada por quem ?

Felipe : Carlos "Sete Metros" (guitarra), Felipe (Baixo), Hugo (bateria) e Mamá (vocal).

2 - VE-NE – A banda tem em suas letras a luta aberta contra a homofobia isso é muito claro e por esse motivo vocês já tiveram problemas com pessoas declaradamente homofóbicas e/ou racistas ?

Felipe : Às vezes eu não conto, para pessoas "fora da cena", que eu toco numa banda gay.

Mamá : Olha Ivan, uma coisa é certa , sempre falamos abertamente contra todo tipo de preconceito, e acredite: Ninguém diretamente homofóbico chegou na gente ainda...hehehehe

7 metros : Ainda não, mas com certeza teremos muito em breve.

Hugo: Eu já vi todo o tipo de reação do público... caras e bocas, principalmente, pelo visual fofinho do Seti, mas nada declaradamente homofóbico.

3 - VE-NE – O Limp Wrist é uma banda de queercore dos Estados Unidos politizada e altamente ativa na cena americana e no meu ponto de vista iniciaram uma ótima contribuição para a cena hardcore e do punk mundial onde há muitos gays que não se assumem por medo de serem ridicularizados por seus amigos. Como consequência várias pessoas assumiram as suas vidas e formaram bandas similares e com a mesma ideologia, qual a importância do Limp Wrist para vocês e para a cena queer brasileira ?

7metros: Pro teu pai já sabe? o Limp Wrist é um influência visível não apenas sonoramente como também nos atos e na idéia de uma cena menos hipócrita e mais receptiva ao diferente. Eu particularmente sou completamente alucinado por eles e acredito que eles influênciaram muita idéia de banda queer por aqui.

Hugo:Como todos já disseram, temos uma puta influência desses caras, adoro todos eles. Mas não podemos esquecer de que existem muitas outras bandas boas que também influenciam a cena queer no Brasil. 

Felipe : Meu primeiro contato com o queer, dentro do hardcore, foi ouvindo
Dominatrix. Só fui conhecer o Limp Wrist depois, por causa de uma entrevista com eles no jornal que o Nenê Altro produzia (Antimídia?). Acho que o Limp Wrist, para nós, é uma grande inspiração. Se não a maior. E acredito que boa parte do queercore brasileiro tenha sido influenciado por eles também.

Mamá : Cara, o limp Wrist sem dúvida abriu uma nova porta na cena hardcore/punk, gosto muito mesmo, mas acredite eu sou assumido devido as letras do Cólera..hehehe. Quando era mais jovem, eu escutava muito Cólera, e sempre falaram sobre homofobia. Outra banda que conheci bem antes que o L.W. e para mim teve uma importância muito grande foi o Pansy Division, e o Tribe 8, que já vem de mais tempo e tb têm uma participação muito forte na cena queer. O Limp Wrist veio com uma força assim mais na cena hardcore sxe, e achei muito válido tb, pois até hoje vemos pessoas envolvidas coma cena, e com postura totalemnte homofóbica. Acho lamentável demais, pois no meu modo de ver , acho isso contraditório. Ao mesmo tempo fico feliz demais porque noto uma mudança bem significante, não só de meninos e meninas que se assumiram, mas tb uma parcela gigantesca que comprou essa luta mesmo não sendo gay, nem bi.

4 - VE-NE – A banda e a política : Qual a importância e o ponto de vista político da banda no hardcore e no punk ?

Felipe- A gente ouviu drag queens pasmas, porque pensavam que os shows de punk/hardcore eram violentos e com pessoas preconceituosas e, no show da verdurada de Curitiba elas encontraram algo completamente diferente. Se sentiram muito à vontade, falaram que ninguém olhava elas de forma diferente, até pogaram junto com os punks e sxes. Acho que o mais legal no "papel" da banda, se tiver mesmo algum, é mostrar pro punk/hardcore que existe um povo não-hetero que frequenta os shows e mostrar pro público queer, que às vezes tem receio de ir a shows, que pode chegar sem medo.

Mamá – Nós tentamos ser o menos panfletário possível, ridicularizando toda essa bobagem de homofobia, preconceito, racismo...assim, os shows se tornam divertidos, alegres e com um conteúdo político direto. Nós sempre tentamos envolver nas letras temas relacionados, dentro do hardcore, um exemplo claro é a música “Tuff Guy”, onde citamos o nosso interesse por meninos hardcoreanos fortes, gordinhos...hehehe. Eu Acho que dessa forma conseguimos com que as pessoas vejam o gay de uma maneira positiva e passem a repensar sobre seus preconceitos em geral.

7metros: Acho que temos aberto os olhos de muitas pessoas em relação a existência gay em todas as espécies de lugares. Eu mesmo só fui descobrir a militância gay com o Gayohazard, uma banda queer em que o mamá cantava, até então minha idéia era a mais esteriotipada do meio gay, de que gay só vivia em shopping desfilando roupinha bacana ou em baladinhas hype de música eletrônica. Nosso papel vem sendo este, de mostrar que o gay é apenas uma das milhares de condições do ser humano.

Hugo: É legal podermos falar abertamente sobre o que sentimos, eu sempre quis ter uma banda assim, isso me emociona muito. 

5 - VE-NE – Como está sendo aceito o trabalho “blasfêmia pouca é bobagem” ( título da demo postado aqui no blog ) no Brasil e no mundo ?

7metros: Eu gostaria muito de saber também, mas pelo que o povo comenta acho que esta sendo bem aceito. Nunca seremos algo sobrenaturalmente grande haha, nosso som não é nada revolucionário, é apenas algo sincero que reflete nossa maneira de ver o mundo e que nos diverte.

Hugo: Essa é uma pergunta difícil. Acredito que daqui algum tempo saberemos.

Felipe : Não sei! haha Acho que os meninos podem dizer melhor. Até agora, só elogios de amigos e conhecidos, então não vale muito. É como elogio de mãe. Hehe

Mamá : Olha, eu que ando mexendo mais no myspace, e no orkut da banda vejo que as pessoas conhecidas ou não sempre falando bem, elogiando e dando os parabéns pela atitude. Postei numas comunidades gays tb, e o resultado foi bem legal. O Pessoal ouvia e elogiava, achava o máximo uma banda de “rock” gay e tals...achei divertido. Eu gostei muito do resultado, tendo em vista que fizemos toda a gravação em 1 hora apenas, num estúdio aqui, semi-ao vivo, com o dinheiro das camisetas que vendemos nesse tempo de banda.

6 - VE-NE – Esse blog defende e é Straight Edge e defende a libertação animal ( vegetarianismo e veganismo ) e a libertação humana ( individuos livres de quaisquer drogas inclusive o álcool ) , qual a postura e pensamentos da banda referentes a esse estilo de vida ?

Felipe : Eu acho que é um estilo de vida bastante positivo e que não prejudica ninguém. Não tem como ser contra. :-)

7metros: A banda não possui uma postura em relação ao sXe, eu e o mamá somos adeptos deste estilo de vida mas isso não repercute nas nossas musicas. Em compensação acho que o vegetarianismo já é algo mais geral e que provavelmente possa aparecer em breve em alguma de nossa letras. Sou suspeito pra falar, conheci o meio hardcore através do straight edge e não vejo nada de negativo que este ideal em si possa causar, coisas ruins geralmente ligadas a ele partem da subjetividade e não do objeto. Tenho outra banda abertamente sxe, o Through the storm, e não escondo que acharia legal se o tpjs? fosse também hahaha...STAY TRUEXXX

Mamá : ( eu tb, Sete..hahahaha )

Hugo: Ainda não demonstramos o que pensamos, nas letras, sobre a libertação animal e humana, nesse sentido, porque apesar de amigos e bem unidos, pensamos e agimos bem diferente uns dos outros. Eu por exemplo, bebo de vez em quando, mas quanto ao estilo de vida vegetariano eu me identifico mais.  

Mamá : Ivan, eu sou Sxe, e vegetariano há muito tempo, defendo com certeza, e acredito que essa é uma maneira legal de levar a nossa vida adiante. Quando se fala sobre livre de drogas temos que abranger TODOS os tipos de drogas, químicas e sociais , e isso inclui nossos preconceitos. Libertação humana e animal é outro tema que devemos sempre estar nos questionando. Para mim não vale de nada uma libertação animal, se não acontece tb uma libertação humana, principalmente.

7 - VE-NE - Vocês estão de certa forma envolvidos em movimentos políticos que lutam contra a homofobia em nosso país ? E por que ?

Felipe : Não. No momento eu não conseguiria tempo para me dedicar a algum projeto e também não conheço nenhum que eu tenha vontade de participar. Tem um coletivo que o Mamá criou e que eu participo, mas ultimamente estamos parados.

Mamá : Como o Fefo disse, nós temos um coletivo bemmmm antigo, que se chama O Marinheiro, e o principal foco dele é a luta contra a homofobia dentro do cenário hardcore. Há tempos atrás, nós montávamos bancas nos shows aqui, com diversos materiais, tudo de graça, para que as pessoas se informassem mais sobre sexualidade. Não participamos diretamente de nenhum grupo atualmente, mas eu quando posso vou no Dignidade, um grupo gay daqui.

7metros: Eu não, mas sempre que possível procuro participar de manifestações e coisas relacionadas a luta anti-homofobia.

Hugo: Eu também não, ainda não. Mas acredito que esses envolvimentos políticos contra a homofobia, ajudam a mudar um pouco o nosso cenário, tanto na questão moral quanto na legislativa. Há um grande numero de homossexuais exigindo seus direitos e esses coletivos dão cada vez mais força e vazão para essas mudanças.

8 - VE-NE – Qual a cena hardcore e punk ideal para vocês aqui no Brasil ? O que poderia ser mudado e acrescentado ?

Felipe : Quero que exista mais espaços libertários e mais diversidade.

Mamá : Acho que uma cena ideal seria uma cena como o Felipe mesmo disse, mais espaços libertários, mais palestras, debates e discuções sobre gênero, e queer num geral. Acho que esta mudança já está acontecendo aos poucos, Ivan.

7metros: Eu acho que não existe uma cena ideal e nunca existirá, mas uma menos pior poderia existir sim, e pra mim ela seria aquela que aceita o indivíduo pelos seus valores, independente de tudo.

Hugo: A mais florida possível, cheia de arco-íris e com bichinhos fofinhos cantando e dançando punk rock...  é a nossa cara =^_^=   rsrs

9 - VE-NE – Cantar em português eu acho louvável principalmente por sermos brasileiros e sempre defendi essa “bandeira” pela mensagem ser mais direta e ativa nas mentes das pessoas que vão aos shows e escutam as bandas , o que levaram vocês a cantar em português e o que isso trouxe de benefícios ou malefícios a banda ?

Felipe : Eu acho que rolou naturalmente, não foi planejado. Eu não tenho
nada contra cantar em português ou em inglês ou esperanto ou qualquer
outro idioma. Acho que tem que usar a língua que se sente mais à
vontade para se expressar. O chato é com o MySpace, por exemplo,
pessoas de fora ficam se entender direito o que cantamos, mas podemos
disponibilizar traduções no futuro.

Mamá : Eu não quero cantar em Esperanto, Fé..pode ir parando aí com essa idéia maluca..hahaha..Brincadeira. Eu sempre cantei em português, sempre achei mais legal, e também porque sou uma negação para outras línguas ( nem todas, é claro..hehehe ) . Eu discordo um pouco do felipe com relação ao myspace..pois quando eu escuto uma banda e gosto, e não entendo direito o que dizem, vou procurar as letras, traduzo e pronto..sei o que eles tão querendo dizer!

7metros: Acho que só trouxe benefícios, afinal, é muito bom ver as pessoas cantando com a gente. Nunca cheguei a cogitar o tpjs? cantando em outra língua, no primeiro ensaio o mamá chegou tirando umas letras da mochila, todas em português e eu só pensei: - Beleza então campeão.

Hugo: Todos entendem o que cantamos, isso é o que mais me importa. Ainda não atingimos um nível suficiente de popularidade pra cantarmos em outra língua; seria bem interessante se isso acontecesse. Eu traduzi algumas letras para o espanhol do TPJS só falta revisar elas pra gente passar para o próximo albúm da banda, se eles concordarem... eu ainda nem disse isso pros meus fuchinhos, eles vão saber só quando lerem isso.  

10 - VE-NE – Bom gostaria muito de agradecer a banda pela entrevista e dizer que o Velha escola – Nova escola está junto com vocês na luta contra a homofobia e qualquer tipo de preconceito e racismo e gostaria de deixar aberto este espaço para vocês falarem o que quiserem , shows , tours , planos para o presente e para o futuro ou seja o que quiserem , valeu mesmo , toda a sorte do mundo para vocês :

Felipe : Muitíssimo obrigado pelo espaço! No momento estamos fazendo músicas novas, para gravarmos o primeiro álbum o quanto antes. Acho que não tem nenhum show agendado, mas eu adoraria sair do sul para tocar. Principalmente porque tá um frio do cacete e meus dedos estão meio congelados enquanto eu digito. Beijão!

Mamá : Fê, tu esqueceu de dizer que vamos sair na próxima edição da G Magazine, poxa!
Então, ouçam nossas múicas, cantem junto com a gente nos shows, fervam coma gente, nos beijem, chutem nossas bundas, façam a diferença nesse mundinho tão cheio de preconceitos.

7metros: Valeu você ae pelo espaço, de coração mesmo, obrigado. Um plano pro futuro é eu larga de ser solteiro, num guento mais essa vida de gaitero haha. KEEP IT EDGE!

Hugo: Hugo, olhos castanhos escuros, moreno claro, cabelo preto, 1,76 cm, 78 kg, gatinho, 24 anos, solteiro, Romântico, sensível... por favor se tiver algum garoto que queira me conhecer e queira algo SÉRIO por favor entre em contato pelo e-mail heglibertariancultboy@hotmail.com , obrigado pela entrevista VE-NE!!!!!!!! um grande abraço queer a tod@s

Mamá : Estas duas loucas estão à perigo..cuidado nos shows, gentem!


Teu pai já sabe ? Ao vivo :



Contato da banda para trocar umas idéias , shows e etc : http://www.myspace.com/teupaijasabe

2 comentários:

  1. Olá Pessoal!

    Bom, confesso que Hardcore não é lá muito o meu forte. E Queercore então nem se fala...(conheço poucas). Mas apesar de não ser uma "expert" no assunto, a atitude que vocês tem sobre tudo isso que é discutido na entrevista me desperta uma admiração muito grande. Sempre que vejo pessoas que se dispõe a lutar por seus ideais fico muito feliz. E seja pelo que for, pela Libertação Animal ou Humana, contra preconceitos banais, e entre outros tantos que infelismente ainda possam existir.
    Acredito que o propósito é mostrar que independentemente de crédulo, raça, e opção sexual somos iguais. Pensamos de formas diferentes mas temos que aprender a conviver e expressarmos isso da melhor forma possivel! Sem qualquer tipo de discriminação. E é vendo atitudes como essa do T.P.J.S, L.W , Nerd´s atack! e tantas outras bandas . É que aprendemos a como convivermos melhor.

    Parabéns Ivi pela entrevista com os meninos, realmente os som deles são foda! (ainda estou cantando!)
    hahahahahaha!
    E parabéns a banda pela atitude e pelo som!

    beejos e efusivos abraços.

    Marianna
    "Dona Jacaroa"

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  2. Opa a patroa postou aqui , seja bem vinda meu amor , daqui a pouco é o nosso filho também ahauhauhauhauh , beijos .

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